
Insolvências de empresas no Brasil podem aumentar 18% até 2026 — Foto: Lucas Santos/Unsplash
A Allianz Trade, líder global em seguros de crédito comercial, lança hoje seu novo Relatório Global de Insolvência, que coloca o Brasil na quarta posição no aumento de liquidações de empresas em 2025.
No começo de 2024, Allianz previa 2.800 insolvências empresariais no Brasil. O resultado foi bem superior, atingindo 3.541 firmas, ou 26,5% a mais que o estimado, segundo seus cálculos. Todos os setores foram afetados, incluindo +30% em serviços e +41% na indústria. A inflação elevada e as altas taxas de juros impulsionaram esse resultado, apesar do crescimento econômico de 3,4%.
Pelas projeções, as insolvências no Brasil podem agora aumentar em 13% neste ano, atingindo 4.000 firmas, e 5% em 2026, totalizando 4.200 companhias.
Para 2025, o crescimento da economia brasileira é esperado desacelerar para cerca de 2,1%, conforme a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Economico (OCDE). E para Allianz, com a atividade econômica em menor ritmo e a política monetária ainda exercendo pressão sobre as finanças das empresas, o número de insolvências deverá continuar atingindo portanto novos patamares em 20 anos nos próximos trimestres.
O Brasil ficará entre os países com as maiores taxas de expansão de insolvências no cenário global. Só ficaria atrás da Rússia (+24%), Turquia (+20%) e Itália (+17%).
Globalmente, as insolvências de empresas globais devem continuar crescendo, com taxa de 6% em 2025 e de 3% em 2026, após crescimento de 10% em 2024.
Allianz aponta três fatores que levam a esse aumento: o risco de atraso na flexibilização das taxas de juros, o ambiente de incerteza prolongado e a fraca recuperação da demanda.
O principal risco de a situação piorar é a guerra comercial deflagrada por Donald Trump. Se o choque tarifário imposto pelos EUA prosseguir, a previsão de insolvências de empresas globalmente aumentaria em mais 2,1 ponto percentual e 4,8 pp em 2025 e 2026.
Isso significaria 6.800 insolvências a mais somente nos EUA em 2025, totalizando 32.380 liquidações, na linha contrária do ‘Make America Great Again’ prometido por Trump.
A expectativa é que as taxas de juros diminuam tanto na Europa quanto nos EUA, mas os riscos inflacionários, especialmente nos EUA, podem ameaçar os cortes nas taxas. Caso os custos de empréstimo aumentem e tornem o crédito menos acessível, haverá desaceleração no crescimento do crédito, endurecimento das condições financeiras e aumento dos riscos de inadimplência para empresas altamente alavancadas. As estimativas da Allianz Trade sugerem que uma redução de 1% no crédito resulta em aumento das insolvências nos três meses seguintes de aproximadamente +3% nos EUA, +0,4% na Alemanha, +1% no Reino Unido e +2% na França.
Esse cenário também pode ter impacto significativo nos empregos. A estimativa é de que, em 2025, 2,3 milhões de empregos estarão diretamente em risco em todo o mundo (+120 mil em comparação com 2024). A Europa Ocidental lideraria essas perdas (1,1 milhão), à frente da América do Norte (450 mil), e a Ásia vindo em seguida (320 mil). Os setores mais vulneráveis globalmente incluem construção, varejo e serviços.
A baixa da demanda nos EUA e em outras economias, e indicadores em alta de incertezas sobre as políticas econômicas atingem fortemente a economia mundial.
Fonte: https://valor.globo.com/opiniao/assis-moreira/coluna/insolvencias-de-empresas-no-brasil-podem-aumentar-18percent-ate-2026.ghtml