
A empresa do setor de energia 2W Ecobank caminha para um pedido de recuperação judicial, depois de entrar em conflito com parte de seus credores, apurou o Valor. O desgaste nas negociações, especialmente envolvendo o controlador da empresa, Ricardo Delneri, também já provocou a troca do escritório de advogados que vinha assessorando no caso: saiu a banca de Eduardo Munhoz, que deverá ser substituída pelo Padis Mattar, segundo fontes consultadas, que falaram na condição de anonimato.
Este trecho é parte de conteúdo que pode ser compartilhado utilizando o link https://valor.globo.com/empresas/noticia/2024/11/28/exclusivo-2w-caminha-para-pedido-de-recuperacao-judicial.ghtml ou as ferramentas oferecidas na página.
Textos, fotos, artes e vídeos do Valor estão protegidos pela legislação brasileira sobre direito autoral. Não reproduza o conteúdo do jornal em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização do Valor (falecom@valor.com.br). Essas regras têm como objetivo proteger o investimento que o Valor faz na qualidade de seu jornalismo.
Sem avançar nas negociações de venda para a Matrix Energy, que foi negociada já como parte de um processo de reestruturação, 2W Ecobank contratou a consultoria Íntegra, que vinha mediando as conversas com credores. No entanto, segundo uma fonte, mais recentemente as negociações passaram a ser conduzidas diretamente por Delneri, que antes estava mais afastado dessas conversas.
Este trecho é parte de conteúdo que pode ser compartilhado utilizando o link https://valor.globo.com/empresas/noticia/2024/11/28/exclusivo-2w-caminha-para-pedido-de-recuperacao-judicial.ghtml ou as ferramentas oferecidas na página.
Textos, fotos, artes e vídeos do Valor estão protegidos pela legislação brasileira sobre direito autoral. Não reproduza o conteúdo do jornal em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização do Valor (falecom@valor.com.br). Essas regras têm como objetivo proteger o investimento que o Valor faz na qualidade de seu jornalismo.
Inicialmente, o objetivo anunciado era alcançar uma recuperação extrajudicial, o que exige um acordo com os credores debenturistas, que, atualmente, detém cerca de R$ 600 milhões do total de R$ 1,1 bilhão em dívidas atualizadas.
O prazo é curto. Na próxima semana, no dia 6 de dezembro, está marcada assembleia com esses debenturistas, com o plano de acordo para ser votado. Essa reunião estava, inicialmente, marcada para a semana passada mas, diante da falta de documentos, ela foi postergada.
Esse grupo de credores comprou as debêntures em 2021, em uma operação que na época foi estruturada pelo Credit Suisse, com os papéis aglutinados em um fundo, cujas cotas foram vendidas aos clientes de alta renda do banco.
As garantias da operação foram dadas em fianças e avais do controlador da 2W, o Ricardo Delneri, e 75% das ações da holding. Já os projetos da companhia, que de fato tem valor, foram dados em garantias em dívidas tomadas posteriormente à emissão de debêntures. Ou seja, as melhores garantias não estão hoje com esses debenturistas. Outro importante credor é o fundo Capitânia, com cerca de R$ 200 milhões.
O UBS, que herdou os fundos do Credit Suisse, já entrou com ações de execução contra o patrimônio de Delneri. O banco contratou a consultoria Valuation, especializada em mediações do gênero, para negociar com a empresa, além do escritório Tepedino, Berezowski e Poppa. A relação com a 2W, no entanto, já estaria desgastada, visto que os termos que eram acordados não vinham sendo cumpridos, até mesmo com troca de termos em documentos do plano que vinha sendo costurado.
O problema mais recente, que começou nos últimos dias, foi que Delneri avisou que tiraria esses avais do plano, algo que não foi aceito pelos debenturistas. O UBS informou aos cotistas do fundo, na tarde desta quinta-feira (28), que votará contra o plano, conforme comunicado obtido pelo Valor.
Procurado, Delneri disse que a Íntegra, especializada em reestruturação, está contratada há quatro meses e que encabeça as negociações com credores. Já a Íntegra não quis se manifestar sobre o assunto. A 2W não respondeu ao pedido de comentários.
Em agosto, a 2W conseguiu uma liminar para bloquear a cobrança por 60 dias, mas esse prazo já se encerrou, o que significa que a empresa está, neste momento, desprotegida contra as execuções.
O plano de recuperação que estava na mesa envolveria a troca das debêntures por papéis com vencimentos em um ano, conversíveis em ações. Em 12 meses, a empresa buscaria ativamente um comprador. Assim, ao vender a companhia, os credores converteriam a dívida em ações e as venderiam, reduzindo ao menos uma parte do prejuízo. Uma fonte disse que existe um interessado em analisar o ativo, mas que essa situação precisaria ser solucionada para qualquer negociação avançar.
Hoje os projetos que foram dados em garantias já começaram a ser executados. O fundo americano Darby ficou com o parque eólico de Kairos. Outro parque, o Anemus, está dado em garantia ao BTG Pactual e ao banco Sumitomo, que se tornaram credores da 2W recentemente. A empresa ainda possui um terceiro projeto que demandaria cerca de R$ 700 milhões em investimentos.
Há ainda a comercializadora, ativo apontado pela empresa como o gerador de caixa por conta da carteira de clientes para arcar com as despesas administrativas. Em um eventual pedido de RJ, no entanto, o valor da comercializadora tende a virar pó, já que dificilmente a empresa conseguiria novos contratos.
A empresa está bastante alavancada por conta da execução de dois grandes empreendimentos eólicos. A 2W tentou abertura de capital na bolsa (IPO, da sigla em inglês) em 2021, mas acabou tendo que emitir dívida, na estrutura oferecida pelo então Credit Suisse. Sem janela de IPO desde então, continuou se endividando. Desde então, o juro no país subiu, aumentando seus problemas financeiros.
Para fontes consultadas pela reportagem, um pedido de recuperação judicial é iminente. Segundo uma dessas fontes, não estaria claro o objetivo de Delneri, já que, mesmo em uma recuperação judicial, as execuções dos avais são mantidas. Um dos interlocutores afirmou que uma das hipóteses é que ele esteja negociando com um fundo de situações especiais.
Fonte: https://valor.globo.com/empresas/noticia/2024/11/28/exclusivo-2w-caminha-para-pedido-de-recuperacao-judicial.ghtml